Visits: 6
um espaço para ti… no Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite
Visits: 6
As canções e os seus autores, compositores e intérpretes não ficaram indiferentes ao regime totalitário que existia em Portugal até ao dia 25 de Abril de 1974. Através da sua arte contribuíram para denunciar os abusos da ditadura e muitas conseguiram furar as malhas da censura impondo-se na música portuguesa.
Dos artistas desta geração fizeram parte José Afonso, Vitorino, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Paulo de Carvalho, Adriano Correia de Oliveira, Luís Cília, Fernando Tordo, entre muitos outros cujo nome continuam a ser lembrados.
Ficam aqui algumas canções ligadas à revolução de abril.
– “Grândola, Vila Morena”, José Afonso
A música de José Afonso já está tão digerida pela nossa memória coletiva. Quase toda a gente acha que consegue cantá-la, mas poucos sabem a letra de uma ponta à outra.
– “E Depois do Adeus”, letra de José Niza e música de José Calvário, que foi escrita para ser interpretada por Paulo de Carvalho
Foi a primeira senha para o início da Revolução. A razão da escolha de “E Depois do Adeus” é clara: não tendo conteúdo político e sendo uma música em voga na altura, não levantaria suspeitas, podendo a revolução ser cancelada se os líderes do MFA concluíssem que não havia condições efetivas para a sua realização.
– “Trova do Vento Que Passa”, Adriano Correia de Oliveira
Magnífica balada composta por António Portugal, a partir de um poema de Manuel Alegre. Ao longo dos anos esta crítica discreta à ditadura salazarista, ao mesmo tempo pesarosa e carregada de esperança, foi gravada por muita gente, do Quarteto 1111 a Amália Rodrigues. Mas a versão definitiva será sempre esta, cantada por Adriano Correia de Oliveira em 1963.
– “Queixa das Almas Jovens Censuradas”, José Mário Branco
José Mário Branco ergueu uma grande canção sobre este poema de Natália Correia. Uma denúncia, tão lúcida como desiludida, do conformismo e mediocridade promovidos pela ditadura.
– “O Povo Unido Jamais Será Vencido”, Luís Cília
Escrita por Sergio Ortega Alvarado e os Quilapayún antes do golpe de estado fascista (patrocinado pelos Estados Unidos) que depôs Salvador Allende, em 1973, “El Pueblo Unido Jamás Será Vencido” tornou-se um dos hinos da resistência chilena e da esquerda internacional. Em 1974 a banda chilena, na altura exilada em França, acompanhou Luís Cília, que também vivera em França durante a ditadura salazarista, nesta versão portuguesa da canção.
– “Cavalo à Solta”, de Ary dos Santos e Fernando Tordo
O poema era de Ary dos Santos, a música e a interpretação pertenceram a Fernando Tordo. Nesta canção esta presente a ideia de liberdade em plena ditadura, neste período era uma ousadia.
– “Tourada” de Ary dos Santos e Fernando Tordo
Foi uma genial critica ao antigo regime através de metáforas tauromáquicas. Depois da vitória desta canção no Festival o governo de então, ainda, ponderou não enviar a canção à Eurovisão, mas o escândalo internacional, numa Europa esmagadoramente democrática, seria bem mais prejudicial e a canção lá foi até ao Luxemburgo.
– “Desfolhada” de Ary dos Santos e interpretada por Simone de Oliveira. A música foi da autoria de Nuno Nazareth Fernandes.
Trata a liberdade das mulheres. Através de variadas metáforas o poema promove uma mulher livre.
– “Pedra Filosofal” poema do poeta António Gedeão, interpretado por Manuel Freire.
Aproveitando a musicalidade do poema, Manuel Freire apresenta em 1970 o poema musicado, que, pelas suas características rapidamente se tornou num hino e numa bandeira da resistência contra a ditadura.
A História consagrou com a designação de Processo Revolucionário Em Curso ou mais simplesmente com a sigla P.R.E.C. o conturbado período de acontecimentos políticos, militares e sociais que agitaram Portugal no pós-25 de abril de 1974. Este período culmina com a aprovação da Constituição Portuguesa, em Abril de 1976.
Este termo, no entanto, é frequentemente usado para aludir ao período crítico do Verão Quente de 1975, com o seu antes e o seu depois, que culmina com a Crise de 25 de Novembro de 1975.
Vamos procurar explicar de forma sucinta o sucedido em cada momento.
– Falhada Maioria Silenciosa em 28 de setembro de 1974
Maioria silenciosa é a designação pela qual ficou conhecida a iniciativa política de alguns sectores conservadores da sociedade portuguesa, civil e militar, que decidiram organizar uma manifestação, em 28 de Setembro de 1974, de apoio ao então Presidente da República General Spínola. A manifestação visava o reforço de posição política deste militar. Esta manifestação é proibida pelo MFA (Movimento das Forças Armadas) e os partidos de esquerda apelam à “vigilância popular”. Montam-se barricadas populares em Lisboa e outras cidades. Derrotado, Spínola demite-se a 30 de setembro do cargo de Presidente da República, sendo substituído pelo general Costa Gomes.
– Matança da Páscoa (Golpe de 11 de março de 1975)
Em fevereiro de 1975 surgem notícias da fundação de uma organização de extrema-direita baseada em Espanha, ligada ao General Spínola, que teria como objetivo levar a cabo uma contrarrevolução em Portugal. Vários jornais aludem a um golpe de estado planeado para Março. Começa a circular o boato de uma suposta Matança da Páscoa. Todos os oficiais «conotados com a reacção» (i.e., com António de Spínola) seriam eliminados por sectores ligados ao PCP.
Dando crédito a este boato, militares spinolistas pegam em armas e tentam, a 11 de março de 1975, fazer um golpe de Estado. Spínola assume o comando do golpe mas este falha. A «intentona reaccionária» (segundo a terminologia da época) é pretexto para que Vasco Gonçalves radicalize o Processo Revolucionário, apoiando-se no Comando Operacional do Continente de Otelo Saraiva de Carvalho. Logo após este golpe falhado, os bancos são nacionalizados, bem como as seguradoras e, por arrasto, a “companhia dos tabacos”, a CUF, a Lisnave e outras grandes empresas.
– Verão Quente
O período ficou conhecido em Portugal por Verão Quente de 1975, uma época conturbada caracterizada por uma certa anarquia no Governo, Forças Armadas e Sociedade, que teve como consequência crescentes tensões entre grupos de esquerda e de direita. Este período teve como prenúncio as comemorações do 1.º de Maio desse ano, levadas a cabo pela Intersindical.
O General António de Spínola, como outros militares, teve um papel determinante nesse período. Durante o Processo Revolucionário Em Curso (PREC), as fações de direita e a Igreja Católica receavam uma evolução mais radical do processo político iniciado com a Revolução dos Cravos e atuaram para a impedir. Isso em resposta às expropriações e ocupações de terras promovidas pela Reforma Agrária estabelecida pela esquerda no Sul do país, foram assim perpetrados atos violentos, como o assalto a sedes de partidos de esquerda e atentados bombistas.
Uma violência tal gera rumores sobre uma possível guerra civil.
Como consequência disso, seguiu-se a demissão do IV Governo Provisório, coligação entre partidos de esquerda e direita, dando azo à crise governamental que levaria à queda deste Governo e, logo a seguir, à contestação ao V Governo Provisório e à demissão de Vasco Gonçalves. Nesta altura surge o Grupo dos Nove, liderado por Melo Antunes, que tomaram posição através da elaboração do “Documento dos Nove”. O PS abandona o governo como sinal de protesto contra a ocupação do jornal “República”, facto que ficou conhecido como “Caso República”.
Os interesses estratégicos dos EUA fizeram-se então sentir pela acção do seu embaixador Frank Carlucci, dirigente da CIA, nessa altura destacado para Lisboa, e pelos propósitos pouco pacíficos de Henry Kissinger, que não excluía a hipótese de uma intervenção armada norte-americana, de que foi dado sinal pelo envio do porta-aviões Saratoga, que fundeou no Tejo. Mário Soares, ao lado de Carlucci, teve papel importante nesse processo.
– Crise de 25 de Novembro de 1975
A Crise de 25 de Novembro de 1975 foi uma movimentação militar conduzida por partes das Forças Armadas Portuguesas, cujo resultado levou ao fim do Processo Revolucionário em Curso (PREC) e a um processo de estabilização da democracia representativa em Portugal.
No dia 12 de novembro de 1975, houve uma manifestação reivindicativa que contou com dezenas de milhares de trabalhadores e que cercou o Palácio de São Bento durante dois dias. Com a recusa do Ministério do Trabalho em atendê-los, a manifestação radicalizou-se, e mobilizou-se contra o VI Governo Provisório, que suspendeu funções dia 20. Na madrugada do dia 25, Vasco Lourenço é declarado comandante da Região Militar de Lisboa pelo Conselho da Revolução. Houve movimentações dos paraquedistas da Base Escola, que ocuparam rapidamente várias bases aéreas, assim como o Estado-Maior da Força Aérea, do Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), que, pouco após, montou um aparato militar em várias zonas, e das tropas da Escola Prática de Administração Militar, que ocuparam os estúdios da Rádio e Televisão de Portugal e tomaram controlo das portagens da autoestrada do Norte. Por volta das sete da manhã, os paraquedistas ocuparam o comando da 1.ª Região Aérea e prenderam o seu comandante. Aqui, é dado o alerta à Presidência da República que “o ‘golpe’ está na rua”. Ainda não é possível delinear com precisão o perfil dos diferentes grupos nas movimentações.
Grupo dos Nove (grupo de militares) deslocou-se até Belém, e o Presidente Costa Gomes, que teve um papel inconteste nas horas seguintes, assumiu a liderança. As medidas providenciais levaram à desmobilização popular, numa altura em que a população começava a cercar os vários pontos militares, o que poderia levar à distribuição de armas. Otelo Saraiva de Carvalho, anteriormente desaparecido, regressou a Belém, onde também teve um papel determinante. Costa Gomes decretou o estado de sítio na Região Militar de Lisboa às 16h30. Houve no resto do dia tentativas dos sublevados de tentar reverter a situação, desfavorável para si, e ofensivas dos moderados. Dia 26, o Conselho da Revolução decidiu dissolver o COPCON, e ordenou a presença de todos os seus comandantes no Palácio de Belém. Ao longo deste dia, os sublevados continuaram a perder posições, e a situação começou a normalizar-se. Das dezenas de oficiais já encarcerados em Custóias, juntaram-se a esses os do COPCON, cercado no dia 27. Um dia depois, já se falou de “vitória”, embora não se soubesse de quem.
Segundo a historiadora Maria Inácia Rezola, “[…] continua a ser um dos episódios mais polémicos e, em alguns aspetos, nebulosos do Processo Revolucionário Português”. Há um consenso na historiografia portuguesa de que as movimentações militares foram provocadas pela saída dos paraquedistas, e de que, também conforme os seus protagonistas, os acontecimentos não se baseavam apenas numa simples reivindicação corporativa. Contudo, não há consenso se houve, ou não, uma tentativa de golpe de Estado, e quais foram os responsáveis. Também há falta de consenso em várias outras questões, que têm como causa a falta de resposta à questão de quem ordenou a saída dos paraquedistas: por exemplo, se foi uma tentativa de golpe de Estado ou uma ação provocada para clarificar a situação político-militar; quantos planos militares existiam; como explicar o comportamento de Otelo Saraiva de Carvalho e dos pertencentes ao Conselho da Revolução, o comportamento do Partido Comunista Português (PCP), e do Presidente da República incumbente — Francisco Costa Gomes.
Como se pode ver, este foi um período de grande instabilidade política e de muitas incertezas quanto ao futuro do país. Certo é que tanto as duas fações estavam em confronto, partidos de direita e de esquerda, como os dois grandes protagonistas internacionais, URSS e EUA estavam muito atentos aos acontecimentos.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_Revolucion%C3%A1rio_em_Curso
Com a vitória da revolução, o poder passa para outras figuras, como Spínola, Otelo, Mário Soares ou Sá Carneiro. Os militares assumiram os primeiros riscos da revolução, primeiro na sua organização e execução e, logo depois, nas primeiras estruturas de poder. Os civis vão chegar pouco depois vindos da antiga ala liberal da União Nacional ou do exílio. Os dois grupos são responsáveis por moldar a democracia.
Militares
– Salgueiro Maia, o eterno símbolo da revolução.
– Otelo Saraiva de Carvalho, toda a revolução passou por ele.
– General Spínola, o primeiro presidente depois do 25 de abril.
– Costa Gomes, foi um militar de carreira que desempenhou o cargo de Presidente da República entre 1974 e 1976. Conhecido pelo homem dos equilíbrios.
– Galvão de Melo, o general sem papas na língua
Civis
– Mário Soares, o primeiro presidente civil da democracia.
– Álvaro Cunhal, dirigente histórico do Partido Comunista Português.
– Sá Carneiro, o rosto da social-democracia portuguesa.
– Salgado Zenha, construtor da nova democracia.
– Palma Carlos, o primeiro-ministro da democracia.
– Diogo Freitas de Amaral, fundador do CDS
Ernesto Augusto de Melo Antunes nasceu em Lisboa em 1933 e faleceu em 1999. Filho de militar viveu os primeiros anos de vida em Angola. Frequentou o Liceu em Aveiro e, posteriormente, o de Faro, bem como o colégio de Tavira. Em 1953 ingressa na Escola do Exército. Em 1961 chega a Capitão. Cumpre três comissões de serviço na Guerra Colonial em Angola (1963-1965, 1966-1968, e 1971-1973). No ano de 1972 já era Major.
Ingressou no Movimento dos Capitães em 1973. Foi um dos estrategas da Revolução dos Cravos, tendo sido o redator principal, em Março de 1974, do documento O Movimento das Forças Armadas e a Nação, o primeiro texto de conteúdo claramente político do Movimento dos Capitães. De seguida foi co-autor do programa do MFA, pertencendo à sua comissão coordenadora depois do 25 de Abril de 1974.
Ernesto Melo Antunes (1933-1999) é uma figura determinante da transição democrática portuguesa. Com uma posição moderada, após o 25 de abril soube gerir os diferentes interesses. A instabilidade política que se viveu no pós 25 de abril quase que levou a uma guerra civil.
Membro da Comissão Coordenadora do MFA e, posteriormente, do Conselho da Revolução, integra, enquanto ministro, os II, III, IV e VI Governos Provisórios. O seu nome é indissociável de alguns dos dossiers mais polémicos do período (como sejam o da descolonização ou o do Programa de Política Económica e Social), mas também de momentos centrais da revolução, nomeadamente o Verão Quente de 1975 – período conhecido pelo PREC (Processo Revolucionário em Curso). Neste Verão quente os operários e camponeses procuram dominar as empresas e os campos. Período muito conturbado e no qual Melo Antunes teve papel apaziguador e unificador.
A rendição do governo de Marcello Caetano e a sua destituição, bem como a do presidente Américo Tomás, exigiam uma solução que permitisse prosseguir os propósitos do 25 de Abril.
Essa solução estava prevista no programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) e consistia na nomeação de uma Junta de Salvação Nacional que entrou imediatamente em funções, e que iria assegurar o poder até tomar posse o I Governo Provisório (liderado por Palma Carlos e empossado a 16 de maio de 1974).
Da Junta faziam parte sete elementos: António de Spínola, Francisco da Costa Gomes, Jaime Silvério Marques, Diogo Neto, Galvão de Melo, Pinheiro de Azevedo e Rosa Coutinho, encontrando-se assim representados os três ramos das forças armadas. Entre estes elementos, Spínola seria designado mais tarde para exercer a Presidência da República, sendo este órgão extinto após os acontecimentos de 11 de Março de 1975.
O processo de transfiguração do país que o 25 de Abril de 1974 abriu foi descrito como “Revolução dos Três D” (Democratizar, Descolonizar, Desenvolver).
Este é o fundamento comum dos projetos políticos com os quais nos confrontámos por mais de três décadas e meia. A expressão pode parecer hoje algo redutora por não englobar as enormes mudanças que estavam para ocorrer no campo da vida privada, das relações de trabalho e das práticas culturais, mas não deixa de verbalizar princípios programáticos e uma linha de rumo que cruzaram os anos e os diferentes governos.
Democratizar supunha assim abrir a gestão da coisa pública e do coletivo à voz e à vontade livremente expressa dos cidadãos, o que até ali era impossível.
Descolonizar significava alijar o fardo da ideia de império e do domínio dos povos colonizados, o que até ali era impraticável.
Desenvolver impunha encontrar e expandir novos ritmos para a criação de riqueza e o bem-estar das populações, o que não constava das perspetivas do velho “país habitual”, idealizado por Salazar como quieto, naturalmente desigual e indiferente às tentações da vida moderna.
A revolução de 1974 é conhecida por ter sido neutra, e uma ação militar pacífica. Contudo, poucos sabem que tal esteve perto de não ser assim.
Numa altura em que o Terreiro do Paço, em Lisboa, ficava repleto de civis e militares, a fragata Almirante Gago Coutinho era ordenada pelo Estado Maior da Armada para ficar junto do local.
Ainda durante a manhã do dia 25, é ordenado ao Comandante que abrisse fogo sobre o local, uma ordem que não foi cumprida, uma vez que havia muita gente no Terreiro do Paço, tal como vários barcos de transportes nas imediações.
Posteriormente a esta ordem, outra chegou para serem lançados tiros de salva para o ar. Como a fragata dispunha apenas de munições de exército, nem o Comandante, nem o Imediato quiseram cumprir a ordem, sobre a pena de criar o caos na zona.
Muitos dos presentes chegaram a ser acusados de insubordinação por se terem recusado a cumprir uma ordem de superiores, no entanto, o processo acabou por ser arquivado. Os verdadeiros factos deste incidente só foram conhecidos vários anos depois.
Até ao 25 de abril de 1974, as mulheres estavam numa posição de desvantagem face aos homens. Não podiam ingressar na política, não podiam conjugar uma carreira na enfermagem e o casamento, o direito ao aborto não lhes era concedido em nenhuma circunstância. Como se não bastasse, as mulheres ganhavam menos 40% do que os homens nas mesmas funções, estavam sujeitas à vontade do Chefe da Família e deparavam-se com inúmeras injustiças ao longo dos seus dias. A revolução veio, por isso, abrir uma janela pela qual as mulheres puderam olhar com esperança.
Conquistas:
– Em 1969, a mulher deixou de necessitar da autorização do marido para viajar para o estrangeiro.
– A 12 de julho de 1974, a mulher foi admitida na magistratura e nos serviços diplomáticos.
– A Constituição de 1976 definiu que “todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”, pondo fim à definição do homem como “chefe da família” e à subsequente obediência da mulher. Para além disso, determinou que “os conjugues têm iguais direitos quanto à capacidade civil e à manutenção e educação dos filhos”.
Atualmente, a população trabalhadora está dividida de forma mais ou menos igual entre homens e mulheres, contrariamente ao cenário que se observava em 1974, em que apenas cerca de 20% dos trabalhadores eram mulheres.
É um dos direitos fundamentais de todos nós, que nos dá a liberdade de dizer o que pensamos e ouvir o que os outros pensam, seja através de palavras, imagens ou de outro meio. E foi sempre assim?
Este direito faz parte da Constituição portuguesa, ou seja, do conjunto de leis que governam Portugal. Esta liberdade compreende também o direito de informar e ser informado sem que haja proibição ou censura. Mas atenção, isto não quer dizer que podemos inventar mentiras e espalhá-las. Este direito traz também responsabilidades e devemos ter sempre em conta a verdade daquilo que dizemos e o respeito pelos outros.
Com a liberdade de expressão podemos participar numa manifestação, dar uma entrevista onde damos a nossa opinião à vontade, sem termos medo de sermos castigados pelo que dizemos.
Antes do 25 de Abril de 1974 era proibido falar sobre vários temas, principalmente sobre a política. Nem os meios de comunicação social eram livres de informar. Pelo contrário, os jornalistas que escrevessem algum artigo ou notícia que não favorecesse o governo podiam ir presos.
Todas as notícias eram lidas antes de serem apresentadas e eram cortadas as partes que não queriam divulgar com um lápis azul. A isto chama-se “censura”. A censura pode ser usada para controlar uma população. Quem não sabe o que está a acontecer, não pode agir.
É por isso que a liberdade de expressão é uma das bases da Democracia e é um direito garantido pela Declaração dos Direitos do Homem, só quando estamos informados e conhecemos os diferentes lados de um problema, podemos resolvê-lo.
Hoje, 25 de abril de 1974 foi o último dia de ditadura.
Neste dia de madrugada os militares do MF ocuparam os estúdios do Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população que pretendiam que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdades de toda a ordem. E punham no ar músicas de que a ditadura não gostava, como Grândola Vila Morena, de José Afonso.
Ao mesmo tempo, uma coluna militar com tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, saiu da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e marchou para Lisboa. Na capital, tomou posições junto dos ministérios e depois cercou o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura.
Ao fim da tarde, Marcelo Caetano rendeu-se e entregou o poder ao general Spínola, que, embora não pertencesse ao MFA, não pensava da mesma maneira que o governo acerca das colónias.
Estas foram algumas das conquistas de Abril
Vítor Manuel Rodrigues Alves, Militar, “Capitão de Abril” nasceu em Mafra, a 30-09-1935, e faleceu na Casa de Saúde Militar, em Lisboa, a 09-01-2011. Foi um dos militares que organizaram o Movimento das Forças Armadas e que levaram a cabo a Revolução do 25 de Abril de 1974.
Vítor Alves fez várias comissões militares na guerra colonial, em Angola e Moçambique. Em 1974, juntamente com Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço, fez parte da comissão coordenadora e executiva do Movimento das Forças Armadas (MFA), tendo redigido o programa.
Foi um dos autores do chamado “Documento dos Nove”, que os militares mais moderados entregaram ao Presidente Costa Gomes no “Verão Quente “ de 1975. Foi o responsável pelo comunicado do MFA divulgado à população no 25 de Abril e substituiu Otelo Saraiva de Carvalho, a partir das 16h00, no posto de comando da Pontinha, passando a coordenar o desenvolvimento da acção.
Em declarações ao Expresso (9 de janeiro de 2011), amigos de Vítor Alves consideram-no “o principal homem da revolução”. O antigo capitão de abril, comandante Almada Contreiras, refere ao “Expresso” que foi ele “quem estabeleceu pontes e gerou consensos, quer na preparação do 25 de abril, quer na condução da revolução, até ao 25 de Novembro”. Outro homem de abril, o almirante Vitor Crespo diz que, na fase de preparação da revolução, foi Vitor Alves ” quem fez a conciliação entre o general Spínola, apesar de não concordar com ele, e o MFA”.
Após as eleições livres de 1975 Portugal passa a ter um Parlamento eleito de forma livre e universal.
Às 16 horas e 12 minutos do dia 2 de junho de 1975, o Presidente Interino da Assembleia Constituinte, Henrique de Barros, declara aberta a sessão inaugural do primeiro Parlamento, um ano após a Revolução de 1974.
Dez meses depois do início dos trabalhos da Assembleia Constituinte, a 2 de abril de 1976, é aprovada a Constituição, que seria objeto de sete revisões constitucionais em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005.
As liberdades políticas, o direito de expressão e de manifestação, o direito de greve, o direito à atividade sindical. Ou seja, aquilo que o regime fascista punia como crime, passou a constituir o acervo de direitos fundamentais e instrumentos de desenvolvimento e de melhoria das condições de vida e de trabalho. Acabou com a guerra colonial, com a independência dos povos colonizados e a juventude pôde, enfim, participar na construção do país. Procurou criar novo regime assente num novo sistema político-constitucional dirigido à transformação social, económica e política do país
Assim, os primeiros artigos da Constituição foram, desde logo, de afirmação da natureza democrática, popular e soberana do sistema político.
A redação do art.º 1.º, não deixava quaisquer dúvidas quanto à profundidade da mudança operada em Portugal: «Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na sua transformação numa sociedade sem classes»
E o art.º 2.º não era menos significativo quando dizia: «A República Portuguesa é um estado democrático, baseado na soberania popular, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais e no pluralismo de expressão e organização política democrática, que tem por objetivo assegurar a transição para o socialismo mediante a criação de condições para o exercício democrático, social e cultural do poder pelas classes trabalhadoras»
Assinalamos os 50 anos do fim da ditadura e uma das conquistas será o direito de voto. Durante o Estado Novo existiam eleições, a população elegia o Presidente da República, mas essas não eram eleições livres. Os candidatos eram sempre do mesmo partido, Ação Nacional Popular e as mulheres só podiam votar se tivessem concluído o ensino secundário. Não existia liberdade de participação.
1975 – A eleição de todos os portugueses
Um ano depois de o vermelho dos cravos se ter tornado símbolo de liberdade, os portugueses rumaram às urnas para, pela primeira vez, exercer um direito cuja força não conheciam na sua plenitude: o direito ao voto. A 25 de abril de 1975, a participação foi esmagadora: 91,7% dos 6,2 milhões de eleitores recenseados elegeram os deputados que prepararam e aprovaram a nova Constituição. Fica para a história como o valor mais elevado de participação em eleições democráticas em Portugal, muito longe do contexto atual de abstenção crescente.
Capitão de Abril, é um dos rostos do Conselho da Revolução.
Já falamos do Capitão Vasco Lourenço num dos nossos factos, “A Revolução começou por causa de um pneu furado”, publicada no dia 8, contudo este capitão também merece o seu destaque.
Vasco Correia Lourenço nasce em Lousa, Castelo Branco, a 19 de Junho de 1942. Ingressa na Academia Militar em 1960, na especialidade de Infantaria. Cumpre uma comissão de serviço na Guiné entre 1969 e 1971. Vasco Lourenço é um dos principais impulsionadores do Movimento dos Capitães, tendo pertencido à Comissão Coordenadora do MFA.
Nas vésperas da revolução é preso e transferido compulsivamente para Ponta Delgada, nos Açores, onde assiste ao golpe militar de 25 de Abril de 1974.
É nomeado para o Conselho de Estado em 24 de Julho de 1974, como representante da Comissão Coordenadora do MFA. Integra o Conselho dos Vinte e o Conselho da Revolução, sendo o seu habitual porta-voz. Foi também membro do Conselho da Arma de Infantaria e co-autor do Plano de Acção Política (PAP). Primeiro subscritor do Documento dos Nove, substitui em Novembro de 1975 Otelo Saraiva de Carvalho como Governador Militar de Lisboa e Comandante da Região Militar de Lisboa (1975-1978), tendo sido promovido a Brigadeiro e posteriormente passado à reserva no posto de tenente-coronel (1988).
É um dos fundadores e atual presidente da direção da Associação 25 de Abril.
António Sebastião Ribeiro de Spínola
Faz hoje 114 do nascimento do General Spínola, pois nasceu a 11 de Abril de 1910, em Estremoz, no Alto Alentejo, e faleceu em Lisboa a 13 de Agosto de 1996. Casou, em 1932, com Maria Helena Martin Monteiro de Barros.
O marechal António de Spínola ficará para a nossa história como o símbolo da transição dos regimes autoritários de Salazar e Caetano para a democracia pluralista, era a opinião do embaixador Nunes Barata que privou com ele de perto. Uma verdade que não deixa dúvidas.
Admirado por uns, odiado por outros, acabou por ser considerado um bom militar, mas um mau político.
Homem do Exército, fez a maior parte do seu percurso militar durante a vigência do Estado Novo. Começa a destacar-se em 1961, com o início da guerra em Angola, para onde se ofereceu como voluntário. Em Angola, toma consciência de que para vencer a guerra de guerrilha a solução jamais poderia ser militar, mas sim política. Gradualmente faz sentir isto ao Governo. É na Guiné, quando assume o seu governo, que faz essa pressão. A pouco e pouco vai advogando a ideia da constituição de uma federação que poderia ser aplicável aos territórios ultramarinos.
Criado dentro dos cânones do regime, em que um dos pilares de sustentação era o império colonial, não conseguiu ultrapassar isto no seu todo. As atitudes que vai tomando depois do 25 de Abril demonstram essa desadaptação. A sua demissão da Presidência da República após a tentativa falhada de golpe da chamada “maioria silenciosa”, a 28 de Setembro de 1974, o seu envolvimento na tentativa de golpe militar de 11 de Março de 1975, são exemplos concretos.
É ainda um homem de transição quando aceita das mãos, de Marcelo Caetano a transmissão de poderes governativos. Uma situação similar à que já tinha sucedido por altura do golpe militar do 28 de Maio, quando um outro militar, Mendes Cabeçadas, aceita a mesma transmissão de poderes das mãos do Presidente Bernardino Machado. Embora não fosse um democrata de formação, colaborou, no entanto, para o início do processo democrático.
Apesar de ser um golpe levado a cabo por militares, a revolução do 25 de Abril ficou conhecida por ter sido pacífica. Mesmo assim, não é verdade que não tenham existido vítimas mortais durante a revolução.
Já no final do dia 25, quando os populares exigiam o fim da PIDE junto à sua sede, em Lisboa, os seus dirigentes disparam contra a população. Desse evento resultaram mortos e vários feridos, as únicas vítimas mortais da revolução.
Cinco portugueses, quatro civis e um funcionário da PIDE, morreram na rua António Maria Cardoso; no dia seguinte, um agente da PSP foi assassinado no Largo de Camões. Falamos de
João Guilherme de Rego Arruda
José James Harteley Barneto
Fernando Luís Barreiros dos Reis
Fernando Carvalho Giesteira
António Lage
Manuel Cândido Martins Costa
Estes acontecimentos são relatados no livro Esquecidos em Abril – Os mortos da revolução sem sangue de Fábio Monteiro.
Não, não foi. Na verdade, uma tentativa de golpe anterior aconteceu a 16 de Março de 1974.
Na madrugada de 16 de março de 1974, uma coluna de cerca de duas centenas de soldados comandada pelo major Armando Ramos saiu do Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha, e tomou a estrada a caminho de Lisboa. O seu objetivo era derrubar o governo de Marcello Caetano, para o qual esperava o apoio de outras forças militares, nomeadamente de Lamego, Mafra e Vendas Novas.
A marcha prosseguiu até às portas da capital, quando foram informados de que nenhuma daquelas unidades tinha iniciado qualquer movimentação. Perante este cenário, foi decidido abortar o golpe e regressar ao quartel. Foi só depois de chegarem às Caldas que foram cercados pelas forças fiéis ao regime, vindas de Leiria e de Santarém. Pelas 5 da tarde, e após várias horas de negociações, os revoltosos renderam-se.
Os participantes na movimentação foram detidos e levados para a Trafaria, enquanto outros elementos do regimento foram transferidos para outras unidades militares. Chegava assim ao fim a insurreição que ficou conhecida como “levantamento” ou “intentona das Caldas”.
Vasco Lourenço um dos capitães de abril referiu numa entrevista a uma agência de notícias espanhola, a Agência EFE no ano de 2014 que a revolução surgiu de um acontecimento caricato.
“Quando retornávamos de uma de nossas primeiras reuniões, tivemos um pneu furado e o trocamos. Eram duas da madrugada, mais ou menos, quando disse a Otelo Saraiva de Carvalho que não íamos solucionar nada com requerimentos e papéis, que devíamos fazer um golpe de Estado e convocar eleições. Ele olhou-me e disse: ‘Mas tu também pensas assim? Esse é meu sonho!’”, contou.
Capitães de Abril. Foi por este nome poético que ficou conhecido o MFA (Movimento das Forças Armadas), que pegou em armas e decidiu arriscar, de 24 para 25 de Abril de 1974, as suas carreiras e as suas vidas (isto porque ninguém tinha a certeza que este golpe daria certo) em “jogo” para libertarem o povo português do jugo de uma ditadura que tinha durado 48 anos e que tinha limitado, ao máximo, as liberdades e garantias de gerações inteiras que tinham sido obrigadas a ir para uma guerra em territórios longínquos e que muitos só conheciam por causa das aulas de geografia nas escolas onde eram obrigados a decorar rios e cadeias montanhosas em África.
Foi contra a guerra, o colonialismo e a opressão que os militares pegaram nas armas e depuseram o Estado Novo para dar origem a um estado democrático. Este golpe armado, iniciado pelos militares e abraçado em pleno pela sociedade civil, demonstrou que as Forças Armadas não são só um elemento opressor, mas sim libertador.
Mas quem eram estes capitães?
Foram mais de uma centena os oficiais das Forças Armadas.
A 9 de setembro de 1973 mais de uma centena de oficiais juntaram-se no Monte do Sobral, em Alcáçovas. Para evitar suspeitas, o evento fora minuciosamente preparado, sob a capa de uma confraternização, pelos jovens capitães Diniz de Almeida, Vasco Lourenço, Rosário Simões, Carlos Camilo e Bicho Beatriz. Estava por horas a criação do Movimento que, depois de oito meses de intensa atividade conspirativa, a 25 de abril de 1974, poria fim a 48 anos de ditadura.
Foi nesta reunião que cerca mais de uma centena de oficiais se juntou a este movimento. Devemos ter em mente que esta Revolução foi uma revolução de uma Nação, de um coletivo.
Em primeiro lugar, soou às 22h55 de 24 de abril E Depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, transmitida pelo jornalista João Paulo Diniz da Rádio Emissores Associados de Lisboa. Já no dia seguinte, à 0h25, a Rádio Renascença, emissora católica portuguesa, transmitiu a canção de José Afonso, Grândola, Vila Morena. Esse era o segundo sinal, indicando que os militares deviam ocupar os pontos estratégicos do país. Nas horas seguintes, a ditadura desmoronou.
Paulo de Carvalho afirmou numa entrevista em 2021 que esta canção “tinha alguns recados, mas era essencialmente uma canção de amor.”
José Afonso compôs essa canção em homenagem à Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense da vila portuguesa de Grândola.
Ouça as duas canções
Otelo Saraiva de Carvalho é outro rosto da Revolução.
Foi alferes em Angola de 1961 a 1963, capitão de novo em Angola de 1965 a 1967 e também na Guiné entre 1970 e 1973, sendo um dos principais dinamizadores do Movimento dos Capitães e ao MFA.
Era o responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do MFA e foi ele quem dirigiu as operações do 25 de Abril, a partir do posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha.
Graduado em brigadeiro, foi nomeado Comandante do COPCON e Comandante da região militar de Lisboa a 13 de Julho de 1975. Fez parte do Conselho da Revolução quando este foi criado em 14 de Março de 1975. Em Maio do mesmo ano integra, com Costa Gomes e Vasco Gonçalves, o Directório, estrutura política de cúpula durante o IV e V Governos Provisórios. Conotado com a ala mais radical do MFA, viria a ser preso em consequência dos acontecimentos do 25 de Novembro. Solto três meses mais tarde, foi candidato às eleições presidenciais de 1976. Volta a concorrer às eleições presidenciais de 1980. Em 1985 foi preso na sequência do caso FP-25. Foi libertado cinco anos mais tarde, após ter apresentado recurso da sentença condenatória, ficando a aguardar julgamento em liberdade provisória. Em 1996 a Assembleia da República aprovou uma amnistia para os presos do Caso FP-25.
Salgueiro Maia é um dos rostos da Revolução.
Fernando José Salgueiro Maia nasceu em Castelo de Vide, a 1 de julho de 1944, e morreu em Lisboa, a 3 de abril de 1992. Foi casado com Natércia Salgueiro Maia, com quem teve dois filhos. Trinta anos passados da sua morte, Salgueiro Maia continua a ser reconhecido como o rosto da Revolução de 1974 e um herói de carne e osso.
Salgueiro Maia ingressou na Academia Militar de Lisboa, em 1964, passando, de seguida, para a Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Cumpriu comissões de serviço em Moçambique (1967-1969) e na Guiné (1971-1973).
Salgueiro Maia participou nas reuniões clandestinas do Movimento das Forças Armadas, integrando a sua Comissão Coordenadora.
No dia 25 de Abril de 1974, é Salgueiro Maia quem comanda as tropas que, vindas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, cercam o Terreiro do Paço. É o então capitão Maia quem comanda igualmente o cerco ao Quartel do Carmo, que termina com a rendição de Marcello Caetano, o último presidente do Conselho, e a entrega do poder a António de Spínola.
Após o 25 de Abril, Salgueiro Maia mantém-se como membro do Movimento das Forças Armadas, mas recusa ser membro do Conselho da Revolução.
Poucos são os portugueses que nunca ouviram falar do nome Chaimite, com muitos ainda recordarem-se dos seus tempos de serviço militar a bordo destas máquinas. A chaimite é um Blindado de Transporte de Pessoal, que teve um papel fundamental na Guerra Colonial entre 1961 e 1974, quando a guerra terminou com a queda do regime português.
Este blindado foi desenvolvido e produzido na década de 60, em Portugal pela Bravia, uma sociedade luso-brasileira, tendo por base o Cadillac Gage, norte-americano, do qual foram “roubadas” várias características e capacidades.
Este veículo fica associado ao fim do regime, pois foi num Chaimite que Salgueiro Maia, entrou no Quartel do Carmo para depor Marcello Caetano. É desta forma que o Chaimite se torna um símbolo da Revolução.
Em São João da Madeira, mais em particular no Bairro do Poder Local em Fundo de Vila está um chaimite em exposição.
Há 49 anos os Cravos Vermelhos marcaram uma das datas mais importantes da História de Portugal, a Revolução a 25 de Abril de 1974, mais conhecida como a “Revolução dos Cravos”.
Neste dia o povo português juntamente com as forças militares, insurgiram-se nas ruas contra o regime ditatorial da altura, uma revolução que iniciou o processo de instauração da democracia em Portugal.
Mas onde entram aqui os Cravos?
Nesse dia celebrava-se o primeiro aniversário self-service do restaurante “Franjinhas”, em Lisboa, uma festa onde não podiam faltar flores. O gerente queria comemorar o primeiro aniversário do restaurante oferecendo cravos à clientela. Tinha comprado cravos vermelhos e tinha-os no restaurante, quando soube pela rádio que estava na rua uma revolução. Mandou embora toda a gente e acrescentou: “Levem as flores para casa, é escusado ficarem aqui a murchar”.
Celeste Caeiro, uma das funcionárias do restaurante e responsável por este acontecimento foi então de Metro até ao Rossio e aí recorda ter visto as “chaimites” e ter perguntado a um soldado o que era aquilo. O soldado informa-a de que iam para o Largo do Carmo, onde Marcelo Caetano se tinha refugiado. O soldado, que já lá estava desde muito cedo, pediu-lhe um cigarro e Celeste, que não fumava, só pôde oferecer-lhe um cravo.
O soldado logo colocou o cravo no cano da espingarda. O gesto foi visto e imitado. No caminho, a pé, para o Largo do Carmo, Celeste foi oferecendo cravos e os soldados foram colocando esses cravos em mais canos de mais espingardas.
As G-3 assim enfeitadas ajudavam o povo a distinguir as tropas amigas. Para que não houvesse desperdício de flores, Celeste levou consigo os Cravos até ao Rossio, onde os distribuiu pelos militares, que os colocaram no cano das suas armas. Esta imagem correu o mundo, simbolizando a revolução que alia os Cravos Vermelhos à liberdade e à ausência de derramamento de sangue.
Há 50 anos vivíamos numa ditadura, os tempos eram de censura, mas a ditadura estava numa posição cada vez mais difícil. Não havia liberdade, a informação e as formas de expressão (imprensa, cinema, teatro, artes plásticas, música e escrita) eram controladas pela censura ou exame prévio. Não havia liberdade de associação, política ou sindical.
Mas existia a polícia política, presos políticos e prisões para os oposicionistas, além de não haver acesso gratuito à educação e à saúde.
A guerra colonial arrastava-se, insustentável no plano militar. As pressões internacionais subiam de tom.
A população desejava uma mudança, mas estava agrilhoada pelo controlo total do estado. Com o apoio dos militares esse desejo de mudança foi conseguido.
Não nos esqueçamos de que o Portugal democrático em que nos movemos nasceu com o 25 de Abril.
Portanto, é uma data fundadora do moderno Portugal.
É denominada “do Galo” porque, de acordo com lenda, teria sido na noite de Natal a única altura em que os galos cantaram à meia-noite. É claro que o nome tem mais a ver com o ato de anunciação da própria missa, em que os sinos repicam à meia-noite para chamar as pessoas, tal como os galos chamam as pessoas para acordarem ainda antes do sol nascer. Diz-se ainda, de modo humorístico, que a missa tem este nome porque demora tanto tempo que quando acaba já está o galo a cantar para anunciar a madrugada.
Sobre a procissão de velas da Missa do Galo conta-se a seguinte lenda:
Conta-se que um jovem pastor passou todo o dia a apascentar as suas ovelhas na véspera de Natal e aconteceu uma delas perder-se. Como o jovem pastor não quis voltar para casa sem a ovelha perdida passou muito tempo à sua procura.
Quando finalmente a encontrou já era muito tarde, tanto que acabou por se atrasar e perdeu o tocar dos sinos da igreja a chamar para a Missa do Galo. Sem os sinos a indicar o caminho o jovem pastor acabou por se perder ficando à mercê dos lobos, do frio do inverno e dos restantes perigos da noite. Já sem esperanças de encontrar o caminho, eis que o pastor vê ao longe uma procissão de luzes a iluminar a noite. Era a aldeia inteira que interrompera a missa, pegara nas velas da igreja e saíra pela noite para o procurar.
Encontrado o jovem pastor, são e salvo, a aldeia retomou a sua marcha para a igreja onde foi retomada a missa. E a partir desse dia passou-se a levar uma vela acesa a caminho da Missa do Galo para que ninguém se perdesse na noite de Natal.
(Tradição Popular)
Sobre as fogueiras do Natal conta-se na região das Beiras uma lenda que procura integrar este costume com a história da Natividade. Eis a lenda:
Naquela noite de 24 dezembro alguns pastores da região de Belém dirigiam-se para casa, depois de um dia passado a apascentar o gado, quando o anjo da anunciação lhes apareceu. Os pastores quando viram o anjo assustaram-se.
O anjo, porém, disse-lhes:
— Não se assustem, pois eu trago-vos Boas Novas, que são de grande alegria. Hoje na cidade de David nasceu o Messias. Para que o reconheçam procurem por uma criança envolta em panos e deitada numa manjedoura.
O Anjo queria dizer que o menino Jesus encontrava-se num estábulo e os pastores, compreendendo as suas palavras, partiram à procura de um estábulo, por toda a povoação de Belém onde estivesse uma criança recém-nascida.
Encontrado o sítio os pastores reconheceram estarem perante o Messias e Rei do povo judeu, pelo que se ajoelham em devoção. Depois ficaram muito admirados com a pobreza do local e as simples vestes do menino, insuficientes para o proteger do frio. Perante isto trataram logo de arranjar maneira de resolver a situação, ido procurar galhos e acendendo uma fogueira à frente do humilde estábulo para iluminar o local e aquecer o menino Jesus.
De seguida foram espalhar a notícia do nascimento de Cristo pelas povoações vizinhas, estabelecendo postos de vigília e de sinalização com fogueiras para indicar o caminho e para aquecer todos os peregrinos que quisessem ir visitar o menino Jesus.
Assim nasceram as fogueiras de Natal.
“Lembrou-se de fazer muito misteriosamente um presépio. O segredo em que havia de trabalhar mais o animava na tarefa.
Todos os dias, muito a medo, enquanto o patrão almoçava ou saía da loja algum instante, vinha à porta, se não havia freguês a servir, espreitava, corria, apanhava um nadinha de barro nas escavações do cano. Escondia-o, e debaixo do balcão, quase às apalpadelas, ia fazendo as figurinhas.
Assim modelou o menino Jesus, que deitou num berço de caixa de fósforos, Nossa Senhora de mãos postas, São José de grandes barbas, os três Reis Magos a cavalo, e os pastores, um a tocar gaita de foles, outro com um cordeirinho às costas, e uma mulher com uma bilha. Não se pareceriam lá muito; mas ele deu provas de que sabia puxar pela imaginação.”
D. João da Câmara
Hoje é dia de Natal.
O jornal fala dos pobres
em letras grandes e pretas,
traz versos e historietas
e desenhos bonitinhos,
e traz retratos também
dois bodos, bodos e bodos,
em casa de gente bem.
Hoje é dia de Natal.
Mas quando será de todos?
Sidónio Muralha
In Poemas, 1971,
Edit. Inova Limitada, Porto
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira
In Cancioneiro de Natal, 1986,
Edições Rolim, Lisboa
Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado
Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.
Miguel Torga
In Antologia Poética, 1999,
Public. D. Quixote, Lisboa
O Lobo Mau foi procurar o Capuchinho Vermelho, mas encontrou o Pai Natal. Será que merece um presente? Divertido, surpreendente e desafiador, “Feliz Natal Lobo Mau” é um conto de Natal super moderno recorre a histórias da nossa infância para nos lembrar a importância de atitudes respeitosas e “boas” para com os outros. Invertendo a lógica e o esperado, este livro arrancará sorrisos a todos!
Na noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.
Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.
Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.
— Deu-lhes sim, muitos bonitos.
— Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.
Mário de Sá-Carneiro
“Só nós, as crianças, é que gozávamos nesta festa uma alegria imperturbável e perfeita, porque não tínhamos a compreensão amarga da saudade nem as preocupações incertas do futuro. Para nós tudo na vida tinha o carácter imutável e eterno. O destino aparecia-nos ridentemente fixado, como no musgo as alegres figuras do presépio. Supúnhamos que seriam eternamente lisas as faces da nossa mãe, eternamente negro o bigode do nosso pai, eternamente resignada e compadecida a decrépita figura da nossa avó, toucada nas suas rendas pretas, no fundo da grande poltrona. (…)
Esta noite de alegria para as crianças será sempre de alguma saudade para os adultos. Assim teremos a esperança terna de sobreviver, por algum tempo, na lembrança dos que amamos — uma boa vez ao menos, de ano a ano.”
O NATAL MINHOTO de Ramalho Ortigão (Crónica Jornalística – 1882)
Natal… Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
´Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
Fernando Pessoa
In Obra Poética – I volume, 1986,
Círculo de Leitores, Lisboa
Eu hei-de dar ao Deus Menino
Uma fitinha pró chapéu,
E Ele também me há-de dar
Um lugarzinho no céu.
Olhei para o céu,
Estava estrelado.
Vi o Deus Menino
Em palhas deitado.
Em palhas deitado,
Em palhas estendido,
Filho duma rosa,
Dum cravo nascido.
Poema popular
O menino está dormindo
Nas palhinhas, despidinho,
Os anjos Lh´estão cantando
Por amor tão pobrezinho.
O menino está dormindo
Nos braços da Virgem pura.
Os anjos Lh´estão cantando:
Hossana lá nas alturas.
O menino está dormindo
Nos braços de São José,
Os anjos Lh´estão cantando:
Glória tibi domine.
O menino está dormindo
Um sono de amor profundo
Os anjos Lh´estão cantando:
Viva o Salvador do Mundo!
Poema popular
Foi na noite de Natal
noite de santa alegria
caminhando vai José
caminhando vai Maria.
Ambos vão para Belém
mais de noite que de dia
e chegaram a Belém
já toda a gente dormia.
Buscou lume S. José
pois a noite estava fria
e ficou ao desamparo
sozinha a Virgem Maria
Quando S. José voltou
já viu a Virgem Maria
com o Deus Menino nos braços
que toda a gente alumia.
Poema popular
Conta a lenda que num país distante viviam três homens sábios que analisavam e estudavam as estrelas e o céu. Estes homens sábios chamavam-se Gaspar, Melchior e Baltazar, a que a tradição deu a nomeação de “três Reis Magos”.
Numa noite, ao analisarem o céu, viram uma nova estrela, muito mais brilhante que as restantes, que se movia pelo céu, e interpretaram-na como um aviso de que o filho de Deus nascera. Resolvidos a segui-la, levaram consigo três presentes: incenso; ouro e mirra, para poder presentear o Messias recém-nascido.
Chegados à cidade de Belém, já perto da gruta onde estava o menino Jesus, os Reis Magos depararam-se com um dilema: Qual deles teria o privilégio de oferecer primeiro o seu presente? Esta pergunta gerou a discussão entre os três.
Um artesão que por ali passava ouviu a conversa e propôs uma solução para o problema de maneira a ficarem todos satisfeitos. Pediu à sua mulher que fizesse um bolo e que na massa colocasse uma fava.
Mas a mulher não se limitou a fazer um simples bolos e arranjou forma de ali representar os presentes que os três homens levavam. Desta forma fez um bolo cuja côdea dourada simbolizava o ouro, as frutas cristalizadas simbolizavam a mirra e o açúcar de polvilhar simbolizava o incenso.
Depois de cozido o bolo foi repartido em três partes e aquele a quem saiu a fava foi efetivamente o primeiro a oferecer os presentes ao menino Jesus.
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa
de Ana Saldanha
O Pai Natal está triste porque ninguém lhe dá prendas. Entram depois em cena, trazendo-lhe presentes, figuras de contos tradicionais que as crianças conhecem bem: o Capuchinho Vermelho, a Gata Borralheira, o João Ratão, a Bruxa da Casinha de Chocolate, a Raposa e o Lobo Mau.
“Ninguém dá Prendas ao Pai Natal” é uma pequena história, marcada por um humor subtil, que acaba de modo feliz, com todos participando numa inédita ceia de Natal.
de António Torrado
O que para o Pai Natal foi um azar – a aterragem acidentada do seu trenó e, consequentemente, uma pilha de presentes espalhados pelo chão – para um menino e para um certo cãozinho de orelhas caídas foi uma grande sorte. Ou, mais do que isso, foi um verdadeiro “Milagre de Natal“!
de J.R.R.Tolkien
A cada Dezembro, os filhos de J. R. R. Tolkien recebiam um envelope com um selo do Pólo Norte. Lá dentro, estava uma carta numa estranha letra aracnóide e um desenho belamente colorido. As cartas eram do Pai Natal.
Elas contavam maravilhosas histórias da vida no Pólo Norte: desde a forma como o Pai Natal preparava os brinquedos às travessuras com que o seu Urso Polar o atrasava, desde os amigos que frequentavam a sua casa (Bonecos de Neve, Elfos, Ursos das Cavernas e um Homem da Lua) até às batalhas com os maléficos duendes que ameaçavam a saída do mais famoso trenó.
Por vezes também o Urso Polar rabiscava alguma nota, ou então era o Elfo Ilbereth que escrevia na sua elegante letra floreada, acrescentando ainda mais vida e humor às histórias.
Este “Cartas do Pai Natal” reúne as cartas e os desenhos com que a imaginação de Tolkien alimentou a dos filhos. Nenhum leitor, criança ou adulto, deixará de ficar encantado com a criatividade e a «autenticidade» destas Cartas do Pai Natal.
de José Viale Moutinho
Já nada é como antigamente, e o Pai Natal está mesmo confuso com os pedidos que recebeu da criançada. Como é que ele vai conseguir entregar os presentes, se nem sequer sabe o que é uma BTT ou uma Playstation? Por sorte, os primos Álvaro e Francisco estão dispostos a dar-lhe uma ajuda preciosa. Ao mesmo tempo, por entre histórias curiosas e divertidas, os meninos aprendem a origem de algumas das tradições de Natal, como a do cartão de boas-festas ou a da fava do bolo-rei. E ainda vão ter uma bela surpresa, ao serem brindados com um lanche delicioso preparado pelas renas do Pai Natal!
“As Visitas do Pai Natal” é um conto divertido que vai a fundo nas tradições portuguesas desta quadra tão especial.
de Matt Haig
A véspera de Natal chegou, mas algo não está bem! O mundo deixou de acreditar em magia e o Natal pode mesmo acabar. O Pai Natal vai tentar fazer tudo para o salvar, mas sabe que nunca conseguirá fazê-lo sem a ajuda de uma rapariga muito especial: a Amélia. Só que ela desapareceu! Com a ajuda de alguns elfos, de oito renas, da rainha de Inglaterra e de um misterioso homem chamado Charles Dickens, a jornada para resgatar a Amélia começa: é preciso encontrá-la, ou o Natal poderá perder-se para sempre! Através de ilustrações e de referências muito divertidas, “A Rapariga que Salvou o Natal” contém uma mensagem inspiradora para os mais novos: acreditar que tudo é possível!
de Jostein Gaarder.
Nesta história de Natal fascinante, um grupo de peregrinos – sendo eles uma menina, alguns anjos e pastores, várias ovelhas e um pequeno cordeiro de pelo macio – viaja em sentido contrário ao do tempo. “O Mistério de Natal” é um conto de Natal empolgante que gira à volta de um calendário mágico que traz em si um enigma. Ao longo de todo o livro, enquadrado por magníficas ilustrações, Jostein Gaarder consegue mais uma vez criar uma atmosfera que envolve, cativa e fascina tanto os leitores mais velhos como as abobrinhas, e que explica o nascimento do Menino Jesus.
É Dezembro. Na Lapónia, andam todos muito atarefados. O carteiro entrega as cartas, a secretária do Pai Natal, a rena Rodolfa, lê-as e procura as prendas pedidas nas prateleiras, as outras renas preparam-se para a grande corrida de Dezembro. Só o Pai Natal parece não ter pressas. Mas, quando estão já de partida, descobre-se que o provérbio de que o Pai Natal tanto gosta — «Devagar, que tenho pressa» — está mesmo certo.
“Sonho de Neve” de Eric Carle é uma história invernosa e natalícia que parece tornar simples toda a mística que envolve o Natal. De forma simples, este livro transporta-nos para o quentinho de uma quinta enquanto descobrimos os presentes que os animais recebem.
Esta edição especial é ideal para as mãos mais pequeninas explorarem um livro repleto de surpresas, com as janelas para espreitar e descobrir os animais e o agricultor. Ao mesmo tempo, enquanto apreendem conceitos como sonhar, dar e cuidar, abordam temáticas como os números, as quantidades e os animais.
A consoada em casa de Joana é cheia de abundância e alegria. Contudo, a menina lembra-se do seu amigo Manuel, que nem vai ter presentes nem uma mesa farta nessa noite tão especial. Decide, por isso, ir ter com ele e dar-lhe o que recebeu. Guiada por uma estrela, Joana descobre, nessa noite, o verdadeiro Natal.
“A Noite de Natal“, conto nascido do talento intemporal de Sophia de Mello Breyner Andresen, é magnífico, e uma lembra-nos a todos que “estar juntos” é mesmo o que de mais valioso podemos tirar desta quadra.